A investigação de intoxicações e mortes possivelmente causadas por consumo de bebida adulterada em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, acendeu um alerta nos consumidores: como identificar um destilado falsificado?
Para esclarecer a dúvida, o R7 ouviu um especialista e o delegado ligado à investigação do caso. Ambos destacaram que a observação precisa ser feita principalmente na hora da compra.
Thiago Ceccotti, sommelier de cachaça e membro da Associação Brasileira de Sommeliers em Minas Gerais (ABS Minas), explica que não é possível cravar a alteração no produto a olho nu, mas é possível “identificar indícios e tomar precauções antes da compra”. Para ele, o ponto principal é observar a embalagem dos produtos.
As dicas do especialista são:
1. Conferir a existência de registro do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária) no rótulo. São letras e números sequenciais. “Isso mostra que o produtor ou o importador estão regulares”, explica Ceccotti;
2. Observar se o lacre e a tampa da garrafa estão rompidos ou com falhas. “Eles precisam estar íntegros e sem avarias. Caso contrário, [isso] pode indicar abertura da garrafa para aduteração”, detalha; e
Quem já está acostumado com produtos específicos pode perceber fraudes por meio de alterações na bebida, explica Thiago Ceccotti. “Se você identificar materiais estranhos ou aroma diferente, não consuma”, alerta.
O sommelier explica que as dicas valem para identificar tanto a falsificação de bebidas famosas quanto irregularidades em produtos artesanais. “Mesmo aqueles artesanais precisam ter registro no Mapa. Para receber o selo, o produto e a unidade produtiva precisam passar por avaliação. Todas as bebidas legalizadas passam por um exame químico”, completa.
Marcelo Cali, delegado regional de Betim que acompanha o caso das possíveis intoxicações, reforça a atenção a rótulos e lacres. O agente ainda chama atenção para uma economia que pode sair cara para o consumidor. “Às vezes essas [as bebidas adulteradas] são mais baratas que as originais. As pessoas precisam ter cuidado, principalmente considerando o fim de ano, com o aumento do consumo. Essas bebidas falsificadas são nocivas à saúde e podem levar à morte de quem as ingere”, diz ele.
No início da investigação de intoxicações em Betim, a prefeitura se referia a pessoas que teriam tido quadros de hepatite alcoólica. A suspeita era de doença causada por uísque artesanal. Depois de um tempo, a Secretaria Municipal de Saúde começou a se referir a possível bebida alcoólica adulterada.
A polícia recolheu garrafas de produtos possivelmente falsificados. As bebidas, assim como exames das possíveis vítimas, foram levadas para análise. Até o momento, a prefeitura não identificou relação de possíveis causas da enfermidade entre os casos investigados, mas a apuração ainda não foi concluída.
Dez notificações são investigadas. Destas, três pacientes continuam internados e dois morreram. Os cinco restantes são monitorados em casa.
Segundo a prefeitura, entre os sintomas registrados estão: confusão mental, vômitos, dificuldade para falar, coordenação prejudicada, respiração lenta, palidez, diminuição da temperatura corporal, dificuldade para se manter acordado ou perda de consciência.
Fonte: https://noticias.r7.com/minas-gerais/uisque-adulterado-veja-como-descobrir-se-comprou-destilados-falsificados-21122023