Nenhuma palavra de Tite.
A punição de Gabigol, dois anos afastado do futebol, por tentar fraudar o exame antidoping, foi anunciada na segunda-feira.
Tite é o treinador, o comandante do time do Flamengo.
Embora na reserva, o atacante segue sendo o maior ídolo atual na Gávea.
Mas na concepção do treinador, não mostra futebol para ser titular.
O artilheiro aceitou sem reclamar publicamente de ficar no banco.
Pedro ocupa o lugar como único atacante mais adiantado no clube rubro-negro.
Que Tite e Gabigo não mantêm relações mais próximas, não é novidade.
O técnico o desprezou, de maneira absolutamente injusta, na Copa do Mundo do Catar.
Embora tenha sido o brasileiro que mais marcou gols, entre a Copa de 2018 e 2022, 151 tentos, foi desprezado em uma convocação final, de 26 atletas, com nada menos do que nove atacantes.
Gabigol se vingou orquestrando um coro de torcedores flamenguistas, que xingou muito o então técnico da Seleção.
O destino uniu esses dois profissionais na Gávea.
E ficou claro que Tite foi duro e coerente.
Durante toda sua vida como treinador, seu esquema tático sempre levou em conta apenas um atacante mais adiantado.
Ele teve de escolher entre Gabigol e Pedro.
Não pensou duas vezes em optar, novamente, pelo atacante que levou à Copa do Catar.
A convivência entre os dois é absolutamente profissional.
Não há proximidade.
Tite não deu espaço para a reconciliação.
Gabigol percebeu e tratou de começar a pensar no futuro longe da Gávea.
Seu contrato termina no final do ano.
A partir de junho, poderá assinar um pré-contrato com qualquer outra equipe.
E sair sem render um centavo ao Flamengo.
O clube pagou 18 milhões de euros, cerca de R$ 98 milhões, à Inter de Milão, em 2020.
O site especializado em transações de jogadores, o transfermarkt já avaliou Gabigol em 26 milhões de euros, cerca de R$ 140 milhões. Atualmente, vale 17 milhões, cerca de R$ 86 milhões.
Gabigol contratou o escritório de Bichara Neto, advogado que defendeu Guerrero. O peruano foi acusado de doping e perderia o Mundial de 2022. Mas Bichara conseguiu sua liberação.
Primeiro, o escritório tentará o efeito suspensivo da pena, até que aconteça o julgamento do recurso na Corte Arbitral do Esporte, na Suíça, que deverá acontecer, no mínimo, em seis meses.
O atacante teve apoio nas redes sociais dos torcedores.
Mas a direção do Flamengo, precavida, já procura um reserva para Pedro, em caso de Gabigol ficar sem jogar até o julgamento do recurso.
Enquanto isso, nada de apoio de Tite.
O treinador está calado.
Não deu o amparo, não mostrou a confiança que o atacante é inocente.
Até porque ele acompanhou a ação que aconteceu no dia 8 de abril de 2023.
Funcionários da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, surgiram ‘de surpresa’ na Gávea. Como fizeram em todos os clubes da Série A.
E, antes do treinamento da manhã, todos os jogadores fizeram o exame, ou seja, tiveram suas urinas, recolhidas pelos funcionários.
Menos Gabigol.
Ele se recusou a fazer pela manhã. Treinou. Almoçou e pegou o coletor, sem avisar a ninguém. Quando um funcionário percebeu, o quis acompanhar para recolher o material. O jogador o xingou e entregou o recipiente aberto, como é proibido.
O Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem considerou o comportamento totalmente irregular e aplicou a punição de dois anos.
A direção e a Comissão Técnica do Flamengo não concordaram com a atitude de Gabigol. Mas não esperavam tamanha punição.
Até por ser ‘patrimônio do clube’, os dirigentes se posicionaram contra a punição.
Mas travaram de vez a conversa sobre renovação de contrato.
Gabigol foi quem contratou o escritório de Bichara Neto.
E Tite, o comandante do time do Flamengo?
Silêncio absoluto.
A punição foi anunciada na segunda-feira.
Desde então, a equipe segue treinando para a final do Carioca.
E o treinador calado.
Ele já poderia ter apoiado espontaneamente o atacante.
O que seria ótimo ao jogador, nesta hora mais difícil da carreira.
Mas preferiu não dizer uma palavra.
O silêncio de Tite ‘diz muito’.
A convivência entre os dois deixará de acontecer em 2025.
Queira Gabigol esteja suspenso ou não.
O atacante entendeu, de vez, o quanto o técnico o quer fora do Flamengo.
E ele também não quer prosseguir, sendo um mero reserva…
Fonte: https://esportes.r7.com/prisma/cosme-rimoli/nenhuma-palavra-o-silencio-reprovador-de-tite-28032024