O Produto Interno Bruto (PIB) é um indicador que funciona como um “termômetro” da economia — com ele, é possível saber números de demanda e produção, e se a atividade local está aquecida, por exemplo.
O PIB é calculado por meio da soma dos bens e serviços finais produzidos em uma cidade, estado ou país em um determinado período, na moeda local — no caso do Brasil, em reais.
Além disso, considera-se a produção de empresas nacionais e internacionais.
Segundo o professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Marco Antônio Rocha, a riqueza é um estoque de valor dado, no qual o PIB seria o quanto de riqueza foi adicionado a esse estoque.
O PIB é um dos principais indicadores da economia de um país, e serve de base para o governo e os agentes econômicos tomarem decisões, o que pode afetar diretamente a vida da sociedade.
“O consumo das famílias é a mola propulsora da atividade econômica”, aponta a professora Debora Alcântara, coordenadora dos cursos de pós-graduação em economia do Centro Universitário de João Pessoa.
Se o PIB está positivo, “isso se traduz numa geração de emprego, de renda e melhora do ambiente de negócios”, explica, acrescentando que, assim, o local está “atrativo não só ao investimento de empresas nacionais, mas também ao investimento direto estrangeiro”.
Do contrário, quando o resultado é negativo, significa que houve menos produção econômica e menos comércio, o que pode resultar em desinvestimento, já que o país perde confiabilidade.
No caso do Brasil, em especial, observam-se algumas variações positivas e negativas ao longo de 2010 e 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cálculo
No Brasil, quem calcula o Produto Interno Bruto é o IBGE, que tem como base dados produzidos por eles – como índice de inflação – e de fontes externas, como o balanço de pagamentos feito pelo Banco Central.
Por aqui, o resultado do PIB é divulgado trimestralmente.
“O PIB é calculado a partir da coleta de informações que o IBGE faz junto de empresas, setores produtivos, quanto de valor adicionado foi inserido nesse período e algumas estimativas também são feitas”, explica Rocha, da Unicamp.
Três maneiras de se chegar ao mesmo resultado
Existem três maneiras de se chegar ao mesmo PIB: pela demanda, renda ou oferta — sendo que as duas últimas demonstram o ponto de vista do produtor.
No fim, o resultado é o mesmo, mas obtido por meio de informações diferentes.
E essas óticas de cálculo “são importantes para permitir olhares diferentes à economia, seja em relação à atividade setorial, ao que está puxando essa produção de riqueza ou pela forma como ela é distribuída e acessada”, diz Rocha.
Ótica da demanda: é calculada por meio da demanda de todos os setores; soma-se o que foi consumido pelas famílias, o investimento feito pelas empresas e o quanto foi gasto pelo governo (o IBGE calcula o PIB por essa ótica).
Ótica da oferta: é somatório do que é produzido nos três setores da economia – agropecuário (5%), indústria (30%) e setor de serviços (65%).
Ótica da renda: é avaliado como o valor adicionado de riqueza foi distribuído entre os setores da economia, como o salário pago ao trabalhador e a renda gerada por outros fatores de produção, a exemplo de aluguéis, lucros, juros ou royalties.
Os três resultados serão os mesmos, uma vez que a economia é interligada: se de um lado há produção, por outro, houve uma demanda equivalente para aquela quantidade ser ofertada; além disso, essa demanda fez com que uma renda equivalente fosse gerada.
“Podemos fazer uma analogia com a questão da contabilidade básica de uma empresa, que obedece àquele método das partidas dobradas: cada débito corresponde com crédito. Então, tem que bater a contabilidade da economia”, explica Alcântara.
Riqueza
Um erro de conceito cometido quando se fala em PIB é entender que ele demonstra a riqueza local.
“Esse é um equívoco muito comum, pois dá a sensação de que o PIB seria um estoque de valor que existe na economia como uma espécie de Tesouro Nacional”, ressalta a professora Deise Diel Weber, do curso de comércio exterior e áreas de negócios do Centro Universitário Cesuca.
“A riqueza é composta de muitas outras coisas. Então, dentro da riqueza do país tem tudo aquilo que ele também produziu anteriormente e todo um estoque potencial de coisas que pode gerar mais riquezas, como os recursos naturais.”
Nesse sentido, o PIB não representa o total de riqueza, mas sim o que foi inserido nesse total.
Mas o crescimento econômico medido pelo PIB não implica em desenvolvimento do país.
Weber ressalta que o PIB “é apenas um indicador síntese de uma economia”, acrescentando que “ele ajuda a compreender um país, mas não expressa importantes fatores como distribuição de renda e qualidade de vida”.
Para entender se um país é desenvolvido, há outros indicadores como o Índice de Gini – que mede a desigualdade na distribuição de riqueza –, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – que verifica como está qualidade de vida – e o IDHA, que junta o Gini ao IDH.
E se o PIB deixasse de ser medido?
Caso o PIB parasse de ser medido pelo IBGE, algumas consequências poderiam acontecer.
Weber explica que a falta de um indicador para avaliar o tamanho do crescimento econômico implicaria na perda de referência internacional para investimento, dificuldade de formulação de políticas econômicas – o governo não saberia em qual setor o nível de atividade econômica está alto ou baixo – ou dificuldade na locação de recursos por parte do setor interno.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/entenda-o-que-e-pib-e-como-ele-e-calculado/