Ontem (26/06) foi o Dia Nacional do Diabetes, doença que deve atingir mais de 640 milhões de pessoas até 2030, estima o Atlas da International Diabetes Federation. O número representa 11,3% de toda a população mundial, ou mais de 1 em cada 10 pessoas. No entanto, caso as tendências continuem, em 2045 esse total saltará para 12,2%, o equivalente a 783 milhões de pessoas. No Brasil, estima-se que existam 15,7 milhões de pessoas com diabetes, sendo que 5 milhões não sabem que têm a doença – isto é, 30% do total.
O diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue utilizar adequadamente a insulina que produz. Embora tenha tratamento simples e disponível na rede pública brasileira, a doença ainda mata uma pessoa a cada 5 segundos no mundo.
Diferentes tipos de diabetes
Existem vários tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2, diabetes gestacional e outras. O tipo 1 acomete de 5% a 10% das pessoas com a doença e não tem prevenção. Ela se manifesta principalmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticada em adultos. Seu tratamento envolve medicamentos.
Já o diabetes tipo 2 é uma doença atrelada a maus hábitos alimentares e é o mais comum. Está ligada a idade avançada, obesidade, histórico familiar, sedentarismo, raça ou etnia. Em adultos, acomete de 90% a 95% dos casos diagnosticados. Acontece quando o organismo não consegue produzir insulina suficiente para controlar a glicemia naturalmente ou as células não conseguem mais usar de maneira adequada sua produção.
A diabetes gestacional, por sua vez, é uma forma de intolerância à glicose diagnosticada durante a gravidez, afeta cerca de 4% de todas as mulheres grávidas, mas não significa que ela terá a doença após o parto. Outros tipos de diabetes, porém, resultam de condições genéticas, cirurgias, medicamentos, infecções e outras doenças e representam de 1% a 5% dos casos.
Dentre os sintomas da doença estão:
- Perda inexplicável de peso;
- Muita fome;
- Vontade frequente de ir ao banheiro;
- Sede excessiva;
- Mudanças na visão;
- Dormência nas mãos ou pés;
- Ressecamento da pele;
- Cicatrização lenta de feridas, entre outros.
Fatores de risco
“Entre os fatores de risco para o tipo 2 estão o sobrepeso e a obesidade. Por isso, mudanças no estilo de vida, como bons hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos, podem auxiliar na prevenção ao diabetes. Entretanto, uma vez diagnosticada, a doença exige tratamento e acompanhamento médico regular, ou pode trazer sérias consequências”, explica João Eduardo Salles, endocrinologista vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Os demais fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes são:
- Histórico familiar, como parentes de primeiro grau com diabetes;
- Sedentarismo;
- Hipertensão;
- Doenças do coração;
- Mulheres que tiveram diabetes gestacional;
- Mulheres com SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos).
Diagnóstico e consequências da diabetes
“O diagnóstico precoce é capaz de mudar o desfecho da doença para os pacientes ou mesmo impedir que um paciente diagnosticado com pré-diabetes desenvolva o diabetes”, reforça o endocrinologista. O pré-diabetes é caracterizado quando os níveis de glicose no sangue estão mais altos do que o normal, mas ainda não elevados o suficiente para caracterizar o diabetes tipo 2.
Sem o diagnóstico, a doença se agrava silenciosamente e pode causar distúrbios micro e macrovasculares. Entre as consequências estão:
- Retinopatia, complicação que ocorre quando o excesso de glicose no sangue danifica os vasos sanguíneos dentro da retina;
- Nefropatia, alteração nos vasos sanguíneos dos rins;
- Doença cerebrovascular;
- Doença arterial periférica.
Além disso, a diabetes também contribui para agravamentos no sistema musculoesquelético, no sistema digestório, na função cognitiva e na saúde mental, sendo associado também a diversos tipos de câncer. Segundo o médico cardiologista Dr. Rizzieri Gomes, a doença ainda pode levar à cegueira, amputações de membros e morte prematura.
“Precisamos entender que essa patologia é grave. Para tratar a diabetes é necessário uso de medicamentos, que ajudarão no controle da glicemia. Além disso, a adoção de um estilo de vida saudável aumenta a eficácia dos medicamentos e permite que o paciente viva com qualidade”, explica o médico.
Tratamento
“Apesar de desconhecida a causa da diabetes, sabe-se que hábitos saudáveis como alimentação balanceada, atividades físicas frequentes, sono adequado, redução do estresse e lazer são essenciais para seu controle. Evitar a ingestão de álcool e o tabagismo também ajudam muito para que não se desenvolva o diabetes tipo 2, o mais comum”, destaca o cardiologista.