“Dê graças a Deus que você está viva”. Foi com essa frase que um policial atendeu, em maio deste ano, a funcionária de uma escola de Curitiba, Rosane*, 32 anos, ao chegar à delegacia. Ela havia acabado de sofrer um assalto seguido de tentativa de homicídio quando esperava o ônibus no bairro Campo Comprido.
Além do trauma físico e psicológico, a funcionária convive até hoje com a sensação de que fazer o Boletim de Ocorrência (B.O.)não tem a mínima importância quando não há interesse da polícia em investigar.
O pensamento de Rosane representa a ideia de pelo menos 3 em cada 4 paranaenses vítimas de crime, segundo recente levantamento do Paraná Pesquisas. Entre os 1.505 entrevistados em todo o estado, 20% já foram vítimas de furtos e roubos. Desse total, em Curitiba, 76% não registraram o boletim. No interior, essa cultura é ainda mais arraigada. Segundo o estudo, 81,5% das vítimas não foram até a delegacia registrar o caso.