A pesquisa “Hopes and Fears 2023” da PwC revela que os trabalhadores estão cada vez mais insatisfeitos com seus empregos atuais.
Entre as 54 mil pessoas ouvidas em 46 países, mais de 1000 entrevistados são brasileiros. Dentre esses, 21% afirmam ter dificuldades para pagar os boletos. Após fechar as contas, 39% dos brasileiros dizem que “não sobra nada ou muito pouco” dos seus rendimentos.
O estudo indica que os problemas com as contas motivam 38% dos trabalhadores no mundo a mudar de emprego. Note que dos 21% de pessoas que atualmente possuem mais de um emprego, 69% fazem isso porque precisam de renda adicional para quitar dívidas.
Com a pressão financeira preocupando os trabalhadores, o número de pessoas buscando aumento de salário subiu de 35% para 42% entre 2022 e 2023. Dentro do grupo que enfrenta dificuldades, a porcentagem sobe para 46%
Para o educador financeiro Fernando Lamounier, as pessoas precisam buscar estudar para manter a organização das finanças.
“A consciência de gastos e o planejamento para realização de grandes projetos beneficia não apenas o detentor do dinheiro, mas todos ao seu redor. Identificar os pontos de melhoria, analisar o mercado e traçar os objetivos é o básico para o planejamento anual”, explica Lamounier.
Impacto da pressão financeira
As contas não só pesam no bolso, como impactam o comportamento dos trabalhadores.
Araujo acredita que um colaborador com dificuldades não terá foco em produzir, porque sua preocupação se voltará para as contas que ele precisa liquidar.
Logo, a energia empregada no trabalho será a última na sua lista de prioridades.
Apesar de um pouco mais otimista, apenas 33% da força de trabalho no mundo está otimista com seu futuro.
Saúde mental
Além do bolso apertado, outro motivo que pressiona os trabalhadores a buscarem novos empregos é a sobrecarga no trabalho atual, que atinge 44% dos entrevistados.
Para o CEO da 4Life Prime, Alex Araujo, os números são reflexos de um mercado de trabalho que está esgotado e sem inovações.
Na análise de Araujo, as empresas que não se renovam vêm cada vez mais exigindo resultados e metas, comprometendo a saúde mental dos colaboradores.
Em 2019, uma pesquisa da International Stress Management Association (Isma) estimou que, no mundo, 32% da população economicamente ativa sofria com sintomas de burnout.
O Brasil não fica muito distante da média global, com 30% de 100 milhões de trabalhadores sofrendo da síndrome ligada ao esgotamento e estresse excessivo no trabalho, de acordo com pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) realizada em 2022. Segundo a Isma, o número coloca o país como 2º maior detentor de casos no mundo, atrás apenas do Japão.
O que a pesquisa destaca é que há um problema de reinvenção e cultura dentro das empresas. Entre os trabalhadores que buscam mudar de emprego, 47% afirmam que o atual emprego é gratificante, contra os 57% que não pretendem mudar.
O CEO da 4Life Prime entende que o problema afeta o rendimento do trabalhador, colocando as saúdes física e mental em risco.
“Um colaborador cansado, esgotado mentalmente, corre o risco de sofrer um acidente de trabalho, dependendo da sua área de atuação. As empresas precisam aumentar a quantidade de exames mensais, avaliações periódicas, garantindo assim a integridade física e mental do colaborador”, pontua Araujo.
Se o cenário não se renovar, quatro em cada 10 CEOs acreditam que suas empresas não sobreviverão por mais de 10 anos, de acordo com a pesquisa com CEOs de 2023 da PwC.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/quase-40-dos-brasileiros-dizem-que-nao-sobra-nada-ou-muito-pouco-do-salario-apos-pagar-as-contas-mostra-pesquisa/