A Nasa apresentou, nesta quinta-feira (14), um relatório encomendado para levantar possibilidades sobre como a agência pode contribuir cientificamente com a análise de OVNIs (objetos voadores não identificados), agora chamados por ela de “fenômenos aéreos não identificados”.
O diretor da Nasa, Bill Nelson, durante pronunciamento feito na manhã desta quinta-feira, informou que o estudo mostrou que a agência pode usar dados, inteligência artificial e machine learning para investigar OVNIs e tornar todas as informações públicas para combater o sensacionalismo em torno da questão.
“[Encomendamos esse relatório] com algumas metas em mente: entender como a Nasa pode estudar OVNIs de uma perspectiva científica, mudar a conversa de sensacionalismo para ciência e ter certeza de que as informações sobre o que encontrarmos ou recomendarmos sejam compartilhadas de forma transparente pelo mundo”, declarou Nelson.
Ele anunciou ainda a criação de uma diretoria de pesquisa de OVNIs, que terá a tarefa de desenvolver e coordenar a visão da Nasa sobre as pesquisas de OVNIs.
Sem evidência de ETs
No evento, David Spergel, presidente da equipe independente que produziu o estudo encomendado pela Nasa, afirmou que a abordagem atual do estudo sobre OVNIs, liderado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos, resultou em uma amostragem escassa de dados, o que compromete a análise.
“Nós sabemos que há dados faltando. Para suas análises em outras áreas, a Nasa sempre usa uma abordagem científica e boa parte dos eventos de OVNIs não apresentam essa qualidade nos dados”, declarou.
Spergel reforçou que, seguindo a metodologia atual, a ciência não encontrou qualquer evidência de que OVNIs são extraterrestres.
“O trabalho mostrou que boa parte dos eventos foram identificados como aviões, balões e drones. Na análise de anomalias, o primeiro passo é eliminar a possibilidade de ser um evento convencional antes de seguir em frente e identificar novos fenômenos”.
Explicando suspeitas de OVNIs
OVNIs do Pentágono
No relatório, a Nasa também trouxe novas informações sobre vídeos de “fenômenos aéreos não identificados” (UAPs, na sigla em inglês) divulgados pelo Pentágono.
Em abril de 2020, o Pentágono divulgou oficialmente três vídeos curtos de UAPs que mostram aparentes OVNIs se movendo rapidamente em gravações de câmeras infravermelhas na Costa Leste dos EUA, na Califórnia. Esses vídeos já circulavam na internet após terem sido revelados pela empresa privada To The Stars, fundada pelo músico Tom DeLonge, guitarrista e vocalista do blink-182.
“O vídeo dá a impressão de um objeto deslizando sobre o oceano a grande velocidade. Mas a análise da informação numérica no display [da câmera infravermelha do caça] revela uma interpretação menos extraordinária”, escreveu o painel da Nasa no relatório.
Os especialistas apontam que, com base nos dados apontados no display da câmera infravermelha e “usando um pouco de trigonometria”, é possível calcular que o objeto estava a uma altitude de 13 mil pés (3,96 quilômetros) e a 6,8 quilômetros do oceano ao fundo.
OVNI ou balão meteorológico?
A Nasa também explicou o caso de um balão meteorológico que foi visto no céu da Flórida após ser lançado pela estação meteorológica de Cabo Canaveral que foi confundido com um OVNI. Segundo o relatório, “há vários balões e drones no ar em qualquer momento” e os dados para investigar os objetos voadores são escassos.
A agência busca trazer métodos científicos para a análise de OVNIs e ajudar o Escritório de Resolução de Anomalias do Departamento de Defesa dos EUA a melhorar a pesquisa sobre o assunto e chegar a conclusões mais objetivas.
O escritório, segundo o estudo, já tem calibrado os radares militares para entender quais tipos de materiais são identificados como balões, drones e aeronaves — por exemplo — e quais passam ilesos pelos sensores por falta de dados.
Buracos em nuvens foram provocados por OVNIs?
O relatório explica também o caso de buracos em nuvens registrados por imagens de satélite. No texto, a Nasa traz um registro de uma missão STS-100, que foi enviada para a Estação Espacial Internacional, que mostra o céu sobre a ilha Rishiri, no Japão.
Os buracos nas nuvens em torno de ilhas são causados pela diferença de pressão provocada no escoamento do ar em torno da ilha. Ou, como a Nasa explica, causado por uma atmosfera estável e de nuvens baixas fluindo sobre um obstáculo alto”. Imagens como essa são frequentemente associadas à ação de OVNIs.
Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/tecnologia/relatorio-da-nasa-sobre-ovnis-veja-o-que-a-agencia-diz-sobre-os-fenomenos/