A Guarda-Costeira dos Estados Unidos confirmou na tarde desta quinta-feira (22) que os destroços encontrados nas áreas de busca do Titanic de fato são do submersível da OceanGate que estava desaparecido desde o último domingo (18). A embarcação, que levava cinco pessoas para explorar o Titanic, sofreu uma “implosão catastrófica”, o que levou à morte de todos ali em questão de segundos.
Essa não foi a primeira vez que um veículo subaquático, como um submersível ou submarino (embarcação maior que um submersível), desapareceu no oceano e teve um fim trágico para seus ocupantes. Em 2000, o Kursk (K-141), um submarino nuclear, afundou no mar de Barents com uma tripulação de 118 homens e foi encontrado a 118 metros de profundidade. O acidente é visto como uma das maiores tragédias subaquáticas da história.
Mais recentemente, em novembro de 2017, o submarino ARA San Juan naufragou na costa da Argentina com 44 tripulantes. A embarcação só foi encontrada após mais de um ano de buscas, a 900 metros de profundidade.
Segundo o professor de engenharia naval Sílvio Melo, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), resgatar um veículo subaquático é extremamente difícil e envolve diversos fatores. O primeiro mencionado por ele é a profundidade.
Melo afirma que um submarino mais sofisticado não costuma navegar abaixo de 500 metros de profundidade, justamente pelo alto risco que a missão implica. No caso do Titan, a embarcação estava a 1.800 metros abaixo da superfície. Quanto maior a profundidade, maior também é a pressão hidrostática, ou seja, a pressão debaixo d’água.
“Normalmente, as embarcações subaquáticas que vão além disso são menores, para minimizar o risco de acidentes. Quanto menor a embarcação, menor o risco de haver alguma falha”, diz.
Outro fator, que se complementa ao anterior, é a escuridão das profundezas do mar. A luz não consegue penetrar no oceano profundo — que se estende de 1.000 a 6.000 metros abaixo da superfície. Isso dificulta muito o resgate, embora existam instrumentos que facilitam a exploração subaquática, como câmeras especializadas para esse fim.
Um terceiro fator apontado pelo professor é a própria complexidade do resgate, no caso de uma embarcação ficar presa a algo que a impeça de flutuar até a superfície. Nessa situação, são necessários braços robóticos controlados remotamente. Esse fato, associado aos demais aspectos, torna o resgate uma tarefa de extrema dificuldade.
Robô francês tentou resgatar o submersível
Em uma expedição subaquática normal, os tripulantes têm a opção de levar a embarcação até a superfície, não sendo necessário que outras pessoas se mobilizem para tirar o veículo do fundo do mar. Autoridades acreditavam que algo poderia estar impedindo o Titan de se movimentar e, esperançosas, enviaram na quarta-feira (21) um robô francês em missão de busca ao submarino. Posteriormente, constatou-se que o que de fato ocorreu foi uma implosão do submersível.
De acordo com o professor de física Leandro Tessler, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a pressão interna de um subaquático é equivalente à pressão atmosférica. A implosão ocorre quando a pressão externa é maior do que aquela que a embarcação consegue suportar. Nesse caso, o veículo é esmagado e reduzido a algo semelhante a uma latinha de refrigerante pisada. Os tripulantes também são espremidos e morrem em questão de poucos segundos.
Fonte: https://noticias.r7.com/internacional/por-que-e-tao-dificil-resgatar-um-veiculo-subaquatico-das-profundezas-do-oceano-23062023