O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do país, recuou no acumulado em 12 meses, caindo de de 5,63% para 5,36%. Em março, o índice ficou em 0,69%, divulgou nesta sexta-feira, 24, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice, que desacelerou na comparação com fevereiro, quando ficou em 0,76%, foi puxado pelo grupo Transportes. Em março do ano passado, o IPCA-15 teve alta de 0,95% em relação ao mês anterior.
Com exceção do grupo Artigos de residência, cujos preços recuaram 0,18%, todos os demais grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta.
Veja abaixo a variação dos grupos no mês de março:
• Transportes: 1,50%
• Saúde: 1,18%
• Habitação: 0,81%
• Comunicação: 0,75%
• Despesas pessoais: 0,28%
• Vestuário: 0,11%
• Educação: 0,08%
• Artigos de residência: -0,18%
Alta pela gasolina
O destaque do mês foi para o grupo Transportes, responsável pela maior variação e o maior impacto no índice. Houve uma aceleração no resultado desse grupo em relação a fevereiro, quando teve variação de apenas 0,08%.
Segundo o IBGE, o aumento de 5,76% nos preços da gasolina puxaram o resultado do grupo. A subida de preços do etanol (1,96%), que em fevereiro havia tido queda de 1,65%, também contribuiu.
Por outro lado, óeo diesel (-4,86%) e gás veicular (-2,62%) registraram queda, diferentemente dos demais combustíveis (4,67%).
Outro ponto de destaque foi a alta de 9,02% nos transportes por aplicativo, após recuo de 6,05% no mês passado.
Inflação preocupa
O índice desacelerado sai dois dias após o Banco Central manter a taxa Selic, taxa básica de juros na economia brasileira, a 13,75% pela quinta vez seguinda, mesmo em meio a protestos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A principal justificativa da autarquia pela decisão de manter a taxa elevada foi a preocupação com a inflação.
Isso porque um ciclo de alta da Selic indica que o cenário econômico brasileiro está instável, com preços altos no mercado. O objetivo é o de desacelerar a economia desestimulando o consumo, já que a Selic é considerada a “taxa-mãe” da economia, e serve como parâmetro para os juros cobrados pelos bancos, por exemplo.
“A inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus se elevaram desde a reunião anterior do Copom e encontram-se em torno de 6,0% e 4,1%, respectivamente”, disse o Banco Central em nota.
Expectativas do mercado
O Boletim Focus mais recente, divulgado nesta segunda-feira, 20, mostra uma queda nas projeções de inflação após semanas sucessivas de aumento das expectativas.
As estimativas do IPCA para este ano são de 5,95%, conforme as novas projeções. Anteriormente o mercado financeiro estimava 5,96%.
Já a expectativa para o IPCA em 2024 foi de 4,11%, representando um avanço ante os 4,02% vistos na semana anterior. Assim, o mercado financeiro mostra expectativas maiores com a inflação em 2024.
Juntamente com isso, o Focus do Banco Central mostra que as expectativas para a Selic seguem elevadas, estimando juros de 12,75% neste ano e de 10% no ano que vem.